sexta-feira, 20 de abril de 2012

Série TopGuitar - Django Reinhardt


O texto é de autoria de Fernando Jardim e foi extraído na íntegra do site: http://www.ejazz.com.br

Nascido em um acampamento cigano na Bélgica em 1910, Jean Reinhardt até os dez anos viajava pela Bélgica, França, Itália e norte da África com sua família e a caravana de ciganos à qual pertenciam. Seu pai era violinista, e desde bem novo Django demonstrava grande habilidade com o instrumento, por vezes fazendo pequenas apresentações junto com a banda liderada por seu pai. Aos quinze já era a estrela do espetáculo cigano.

Alguns anos mais tarde, quando tinha seus dezoito anos, a caravana onde dormia pegou fogo e Django sofreu queimaduras graves. Parece que naquele dia sua mulher havia enchido a caravana com flores secas e, ao se levantar à noite, Django chutou uma lamparina, pondo fogo nas plantas secas. 

Sua perna direita ficou tão queimada que os médicos chegaram a considerar a amputação - que foi enfaticamente descartada pelo paciente. A sua mão esquerda também ficou bastante queimada, deixando os dedos anular e médio praticamente sem movimentos. Django ficou bastante deprimido, e seu médico recomendou que tocasse violão, por exigir da mão esquerda menos que o violino, e também como forma de terapia física e mental. A medida teve grande efeito, e dois anos depois Django já havia desenvolvido uma técnica própria incrível adaptada a sua deficiência.

Por volta de 1930 Django ouviu pela primeira vez os discos de Duke Ellington e Louis Armstrong. Ficou tão encantado com o swing do jazz que decidiu formar, em 1934, junto com o violinista Stéphane Grapelli, o Quintette du Hot Club de France. Participavam do quinteto, além de Grapelli e Django, seu irmão Joseph e Roger Chaput no violão, mais Louis Vola no contrabaixo. A fama do quinteto começou a se espalhar, inclusive além-mar, e músicos americanos como Benny Carter e Coleman Hawkins não perdiam a oportunidade de tocar com ele em suas visitas a Paris. Quando começou a segunda guerra mundial o quinteto estava excursionando pela Inglaterra e voltou imediatamente para a França, com exceção de Grapelli, que ficou por lá. De volta a Paris, o violino foi substituído pelo clarinete de Hubert Rostaing.
Em 1943, Django casou-se com Sophie Ziegler, com quem teria um filho um ano mais tarde, Babik, que também seguiu a carreira musical. Consta que Django era um grande gastador. Torrava qualquer dinheiro que caísse em sua mão - geralmente em algum tipo de aposta ou na mesa de bilhar, onde também demonstrava muita habilidade.

Com o fim da guerra, Grapelli voltou a integrar o quinteto, que agora se preparava para partir em uma excursão pelos EUA organizada por Duke Ellington. A visita culminou com a apresentação do quinteto no Carnegie Hall ao lado do bandleader. Na segunda metade da década de 40, Django fez inúmeras gravações, tanto nos EUA como na França, que lançaram seu estilo definitivamente para o resto do mundo e para sempre na história da música. Era uma das figuras mais respeitadas de Paris.


Porém em 1951, aparentemente cansado dos aborrecimentos que cercavam a comercialização de sua música, pôs seu violão de lado e aposentou-se na pequena cidade francesa de Samois-sur-Seine, onde passou o resto de seus dias a pintar e pescar. Só voltou a gravar um mês antes de sua morte, em maio de 1953, causada por um derrame fulminante.

Assista ao vídeo:


quarta-feira, 4 de abril de 2012

Série TopGuitar - Robben Ford


Este texto é de autoria de Ernesto Wenth Filho, e foi extraído na íntegra do site http://www.rickyfurlani.com, do guitarrista Ricky Furlani.

Robben Ford nasceu no dia 16 de Dezembro de 1951 na cidade de Woodlake, no Estado da California. Na década de 60, durante sua adolescência, Ford “gastava” grande parte de seu tempo ouvindo artistas como Aretha Franklin, Wilson Pickett, Ottis Redding, Albert King, Carla Thomas, Mike Bloomfield (sua primeira grande influência) e B.B. King. Sucessos como “Respect” (Aretha Franklin) e “Mustang Sally” (Wilson Pickett) faziam parte de suas músicas preferidas.

Em 1964, com 13 anos de idade, Ford pegou pela primeira vez em uma guitarra. Com 18 anos, em 1969, se mudou para San Francisco, na Califórnia e formou a Charles Ford Band (nome dado em homenagem a seu pai que também era guitarrista). Logo em seguida a banda acabou, pois Robben foi convidado para tocar com o famoso gaitista Charles Musselwhite, onde ficou por nove meses.

Em 1971, a Charles Ford Band voltou e gravou um LP chamado “Discoverying The Blues”, ao vivo em Hollywood, na Califórnia, que foi lançado em 1972.

Entre 1972 e 1973, novamente Ford deixou a banda e foi tocar com a lendária banda de blues de Jimmy Witherspoon.
Em 1974, Robben Ford foi descoberto pelo saxofonista Tom Scott, do grupo de “fusion” progressivo chamado L.A. Express e em seguida, no mesmo ano, fez parte da banda de Joni Mitchell na turnê “Court and Spark”, além de tocar em dois dos álbuns da famosa cantora (“Miles of Isles – 1974 e “The Hissing of Summer Law” – 1975).

Em 1977, talvez devido à passagem pela banda L.A. Express, Robben foi um dos fundadores da banda de “fusion” chamada “Yellowjackets”, onde ficou até 1983. Bem, já falei em “fusion” duas vezes e para quem não sabe este termo diz respeito a um estilo musical onde há a “fusão” de jazz, rock e pop.

Em 1986, Ford foi convidado a participar de uma turnê com Miles Davis, famoso trompetista de jazz, muito conhecido por seus improvisos e pela grande criatividade e inovação musical. Já em 1987 tocou junto com o saxofonista de jazz japonês Sadao Watanabe.

Após tudo isso, foi em 1992 que Robben Ford se reencontrou com o blues, formando a banda The Blue Line e lançando o cd “Robben Ford and The Blue Line”. A banda era formada pelo baixista Roscoe Beck, que tocou com Leonard Cohen e pelo baterista Tom Brechtlein, que já havia tocado com os mestres do jazz Chick Corea e Wayne Shorter.

Neste mesmo ano de 1992, Ford e a Blue Line estiveram no Brasil participando do Free Jazz Festival, que infelizmente acabou. Na seqüência, em 1993, lançou “Mystic Mile” e em 1995, “Handful of Blues”.
Do álbum “Mystic Mile” destaco a versão de “Worried Life Blues” de autoria do mestre B.B. King. Já o cd “Handful of Blues” acho simplesmente espetacular, pois você pode ouvir desde o blues tradicional de “I just want to make love to you” de Willie Dixon até a balada dançante (de rosto colado!!), com um solo de guitarra maravilhoso de “Don’t Let Me Be Misunderstood” de Benjamin, Marcus e Caldwell, além de composições próprias na linha do jazz como “Good Thing”, onde sua técnica, o feeling e o som limpo da guitarra fazem muito bem aos ouvidos e à alma!!
Em 1996 Robben Ford volta ao Brasil para participar da 4ª edição do Top Cat Blues Festival, realizado em São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília, onde também participaram John Mayall, Fabulous Thunderbirds e Michael Hedges.

A partir daí sua carreira continuou com o lançamento de diversos discos, onde vale a pena conferir a coletânea “Blues Collection”, de 1997, com músicas que vão de 1971 a 1991, das bandas Charles Ford Band, Ford Blues Band, Charles Musselwhite e Jimmy Witherspoon. Também vale a pena o cd de 2001 “Tributo a Paul Butterfield” onde Robben toca com seus irmãos Mark, Patrick e Gabriel, interpretando clássicos do famoso gaitista da Califórnia.

Seu último trabalho é “Keep On Running”, de 2003, onde ele é acompanhado pelo baixista “peso-pesado” Jimmy Earl e pelos bateristas Toss Panos e Steve Potts. Neste cd você pode ouvir versões de Otis Rush com a música “Can’t Do My Homework” até a banda Cream com uma versão da música “Badge”, composta por George Harrison e Eric Clapton!


Vale a pena assistir: