sexta-feira, 20 de abril de 2012

Série TopGuitar - Django Reinhardt


O texto é de autoria de Fernando Jardim e foi extraído na íntegra do site: http://www.ejazz.com.br

Nascido em um acampamento cigano na Bélgica em 1910, Jean Reinhardt até os dez anos viajava pela Bélgica, França, Itália e norte da África com sua família e a caravana de ciganos à qual pertenciam. Seu pai era violinista, e desde bem novo Django demonstrava grande habilidade com o instrumento, por vezes fazendo pequenas apresentações junto com a banda liderada por seu pai. Aos quinze já era a estrela do espetáculo cigano.

Alguns anos mais tarde, quando tinha seus dezoito anos, a caravana onde dormia pegou fogo e Django sofreu queimaduras graves. Parece que naquele dia sua mulher havia enchido a caravana com flores secas e, ao se levantar à noite, Django chutou uma lamparina, pondo fogo nas plantas secas. 

Sua perna direita ficou tão queimada que os médicos chegaram a considerar a amputação - que foi enfaticamente descartada pelo paciente. A sua mão esquerda também ficou bastante queimada, deixando os dedos anular e médio praticamente sem movimentos. Django ficou bastante deprimido, e seu médico recomendou que tocasse violão, por exigir da mão esquerda menos que o violino, e também como forma de terapia física e mental. A medida teve grande efeito, e dois anos depois Django já havia desenvolvido uma técnica própria incrível adaptada a sua deficiência.

Por volta de 1930 Django ouviu pela primeira vez os discos de Duke Ellington e Louis Armstrong. Ficou tão encantado com o swing do jazz que decidiu formar, em 1934, junto com o violinista Stéphane Grapelli, o Quintette du Hot Club de France. Participavam do quinteto, além de Grapelli e Django, seu irmão Joseph e Roger Chaput no violão, mais Louis Vola no contrabaixo. A fama do quinteto começou a se espalhar, inclusive além-mar, e músicos americanos como Benny Carter e Coleman Hawkins não perdiam a oportunidade de tocar com ele em suas visitas a Paris. Quando começou a segunda guerra mundial o quinteto estava excursionando pela Inglaterra e voltou imediatamente para a França, com exceção de Grapelli, que ficou por lá. De volta a Paris, o violino foi substituído pelo clarinete de Hubert Rostaing.
Em 1943, Django casou-se com Sophie Ziegler, com quem teria um filho um ano mais tarde, Babik, que também seguiu a carreira musical. Consta que Django era um grande gastador. Torrava qualquer dinheiro que caísse em sua mão - geralmente em algum tipo de aposta ou na mesa de bilhar, onde também demonstrava muita habilidade.

Com o fim da guerra, Grapelli voltou a integrar o quinteto, que agora se preparava para partir em uma excursão pelos EUA organizada por Duke Ellington. A visita culminou com a apresentação do quinteto no Carnegie Hall ao lado do bandleader. Na segunda metade da década de 40, Django fez inúmeras gravações, tanto nos EUA como na França, que lançaram seu estilo definitivamente para o resto do mundo e para sempre na história da música. Era uma das figuras mais respeitadas de Paris.


Porém em 1951, aparentemente cansado dos aborrecimentos que cercavam a comercialização de sua música, pôs seu violão de lado e aposentou-se na pequena cidade francesa de Samois-sur-Seine, onde passou o resto de seus dias a pintar e pescar. Só voltou a gravar um mês antes de sua morte, em maio de 1953, causada por um derrame fulminante.

Assista ao vídeo:


quarta-feira, 4 de abril de 2012

Série TopGuitar - Robben Ford


Este texto é de autoria de Ernesto Wenth Filho, e foi extraído na íntegra do site http://www.rickyfurlani.com, do guitarrista Ricky Furlani.

Robben Ford nasceu no dia 16 de Dezembro de 1951 na cidade de Woodlake, no Estado da California. Na década de 60, durante sua adolescência, Ford “gastava” grande parte de seu tempo ouvindo artistas como Aretha Franklin, Wilson Pickett, Ottis Redding, Albert King, Carla Thomas, Mike Bloomfield (sua primeira grande influência) e B.B. King. Sucessos como “Respect” (Aretha Franklin) e “Mustang Sally” (Wilson Pickett) faziam parte de suas músicas preferidas.

Em 1964, com 13 anos de idade, Ford pegou pela primeira vez em uma guitarra. Com 18 anos, em 1969, se mudou para San Francisco, na Califórnia e formou a Charles Ford Band (nome dado em homenagem a seu pai que também era guitarrista). Logo em seguida a banda acabou, pois Robben foi convidado para tocar com o famoso gaitista Charles Musselwhite, onde ficou por nove meses.

Em 1971, a Charles Ford Band voltou e gravou um LP chamado “Discoverying The Blues”, ao vivo em Hollywood, na Califórnia, que foi lançado em 1972.

Entre 1972 e 1973, novamente Ford deixou a banda e foi tocar com a lendária banda de blues de Jimmy Witherspoon.
Em 1974, Robben Ford foi descoberto pelo saxofonista Tom Scott, do grupo de “fusion” progressivo chamado L.A. Express e em seguida, no mesmo ano, fez parte da banda de Joni Mitchell na turnê “Court and Spark”, além de tocar em dois dos álbuns da famosa cantora (“Miles of Isles – 1974 e “The Hissing of Summer Law” – 1975).

Em 1977, talvez devido à passagem pela banda L.A. Express, Robben foi um dos fundadores da banda de “fusion” chamada “Yellowjackets”, onde ficou até 1983. Bem, já falei em “fusion” duas vezes e para quem não sabe este termo diz respeito a um estilo musical onde há a “fusão” de jazz, rock e pop.

Em 1986, Ford foi convidado a participar de uma turnê com Miles Davis, famoso trompetista de jazz, muito conhecido por seus improvisos e pela grande criatividade e inovação musical. Já em 1987 tocou junto com o saxofonista de jazz japonês Sadao Watanabe.

Após tudo isso, foi em 1992 que Robben Ford se reencontrou com o blues, formando a banda The Blue Line e lançando o cd “Robben Ford and The Blue Line”. A banda era formada pelo baixista Roscoe Beck, que tocou com Leonard Cohen e pelo baterista Tom Brechtlein, que já havia tocado com os mestres do jazz Chick Corea e Wayne Shorter.

Neste mesmo ano de 1992, Ford e a Blue Line estiveram no Brasil participando do Free Jazz Festival, que infelizmente acabou. Na seqüência, em 1993, lançou “Mystic Mile” e em 1995, “Handful of Blues”.
Do álbum “Mystic Mile” destaco a versão de “Worried Life Blues” de autoria do mestre B.B. King. Já o cd “Handful of Blues” acho simplesmente espetacular, pois você pode ouvir desde o blues tradicional de “I just want to make love to you” de Willie Dixon até a balada dançante (de rosto colado!!), com um solo de guitarra maravilhoso de “Don’t Let Me Be Misunderstood” de Benjamin, Marcus e Caldwell, além de composições próprias na linha do jazz como “Good Thing”, onde sua técnica, o feeling e o som limpo da guitarra fazem muito bem aos ouvidos e à alma!!
Em 1996 Robben Ford volta ao Brasil para participar da 4ª edição do Top Cat Blues Festival, realizado em São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília, onde também participaram John Mayall, Fabulous Thunderbirds e Michael Hedges.

A partir daí sua carreira continuou com o lançamento de diversos discos, onde vale a pena conferir a coletânea “Blues Collection”, de 1997, com músicas que vão de 1971 a 1991, das bandas Charles Ford Band, Ford Blues Band, Charles Musselwhite e Jimmy Witherspoon. Também vale a pena o cd de 2001 “Tributo a Paul Butterfield” onde Robben toca com seus irmãos Mark, Patrick e Gabriel, interpretando clássicos do famoso gaitista da Califórnia.

Seu último trabalho é “Keep On Running”, de 2003, onde ele é acompanhado pelo baixista “peso-pesado” Jimmy Earl e pelos bateristas Toss Panos e Steve Potts. Neste cd você pode ouvir versões de Otis Rush com a música “Can’t Do My Homework” até a banda Cream com uma versão da música “Badge”, composta por George Harrison e Eric Clapton!


Vale a pena assistir:



quinta-feira, 29 de março de 2012

Série TopGuitar - Pat Martino


Herdeiro do som robusto de Wes Montgomery (1925-68) e de sua habilidade em improvisar, com notável articulação, linhas melódicas longas e irresistíveis, em qualquer tempo, Martino é em geral esquecido quando se cantam merecidas loas a outros expoentes das seis cordas, como Bill Frisell, John Scofield, Russell Malone, Pat Metheny, Kurt Rosenwinkel e o vovô Jim Hall.

Nascido em 25 de Agosto de 1944, na Filadelfia, inicialmente seu nome artístico era Pat Azzara, depois Martino. Ele pegou o gosto pela guitarra desde menino, motivado por seu pai, que tocava o instrumento, e chegara a ter aulas com o lendário Eddie Lang. Aos 15 anos Pat já era músico profissional, atuando em bandas de rhythm & blues. Logo após a adolescência, em Nova York, passou a integrar os organ trios de Don Patterson, Jack McDuff, Charles Earland e outras estrelas do soul jazz dos anos 50-60.

Em 1980, já respeitado no planeta jazz, sofreu uma série de aneurismas que provocaram nele, depois de cirurgias no cérebro, total amnésia. De início, não se lembrava de sua condição de músico nem de que era um virtuose da guitarra. Um longo tratamento que consumiu anos de terapia, reabilitação e um processo de reaprendizagem da técnica da guitarra, com a audição dos discos que gravara na década de 70, devolveu-o à vida plena. Pat gravou então, em 1987, o álbum The return (Muse), em trio, mas voltou a se afastar dos palcos e estúdios em 1989, quando sua mãe morreu, e ele teve uma inesperada recaída. Só na década de 90 é que recuperou seu prestígio, numa série de seis discos.

Nos últimos 10 anos, além de suas frequentes apresentações em clubes e festivais, nos Estados Unidos e na Europa, Pat Martino reforçou a sua discografia com três Cds definitivos editados pelo selo Blue Note: Live at Yoshi’s, gravado ao vivo no clube de Oakland, California, em 2000, com Joey De Francesco (órgão Hammond) e Billy Hart (bateria); Think tank, de 2003, à frente de um quinteto cinco estrelas que conta com Joe Lovano no saxofone, Gonzalo Rubalcaba ao piano, Christian McBride no baixo e Lewis Nash, bateria, e Remember/ A tribute to Wes Montgomery, de 2005 (David Kikoski, piano; John Patitucci, baixo; Scott Allan Robinson, bateria).

Pat Martino também é um conceituado Professor de música e já rodou o mundo todo ministrando cursos nas principais escolas e faculdades de música.

Em outubro do ano passado, foi lançada a autobiografia de Pat Martino, Here and now (Backbeat Books), escrita em colaboração com o jazz writer Bill Milkowski, autor também de JACO: The extraordinary life and times of Jaco Pastorius (Miller Freeman Books, 1995). O guitarrista sentiu “que já era tempo de documentar” sua vida e seus propósitos não só como músico mas também como professor e pessoa.



Vale a pena assistir:

quinta-feira, 22 de março de 2012

Série TopGuitar - Lee Ritenour


Ritenour nasceu no dia 11 de janeiro de 1952 em Los Angeles, Califórnia. Aos 16 anos de idade já era guitarrista profissional, seu primeiro trabalho foi com a banda The Mamas & the Papas, onde recebeu o apelido de "Capitain Fingers", por causa de sua destreza manual na guitarra. Ritenour era um guitarrista muito requisitado na década de 70 por sua versatilidade, o que o levou a vencer o premio da revista Guitar Player como Melhor Guitarrista de Estúdio” por duas vezes.
Uma de suas influências mais notáveis ​​é o pioneiro do jazz guitarrista Wes  Montgomery, entre outros, como Joe Pass, Kenny Burrell e John McLaughlin.

A carreira solo de Ritenour teve início em 1976, quando gravou o álbum “First Course”, este trabalho tornou-se uma referência para o Jazz/Rock de Los Angeles na época, no entanto não agradou muito aos críticos. Ele logo respondeu lançando mais 3 álbuns ainda na década de 70 “Capitain Fingers”, “The Capitain’s Journey” e “Feel the Night”, todos eles carregados de distorções e sonoridade Rock. Em 1979 participou das gravações do álbum antológico “The Wall” da banda “Pink Floyd” que dispensa comentários, Ritenour participou das faixas “Run Like Hell” e “One of my Turns”, porém o seu nome só foi creditado na primeira.

Na década de 80 Lee passou a inserir elementos da música pop em suas gravações. A marca de guitarras Ibanez lançou o modelo LR-10 com sua assinatura. Logo em 1981 no álbum “Rit” a faixa “Is it you” chegou a ocupar o 15º lugar nas paradas da música Pop. Em 1985 ele deixou clara a sua influência pela música brasileira com o álbum “Harlequin”, que inclusive contou com a participação de Ivan Lins. E logo em seguida lançou “Rio”. Pouco tempo depois em 1987 lançou “Portrait”. O álbum tem algo de um som suave de smooth-jazz, e contou com participações de Yellowjackets, Djavan, e Kenny G.

Na década de 90, Ritenour gravou com o conceituado guitarrista Larry Carlton o álbum “Larry and Lee” e foi um dos criadores da memorável banda “Four Play”, indicada ao Grammy, que contava com ninguém menos do que o baixista Nathan East.


Em junho de 2010, para comemorar os cinqüenta anos como guitarrista, Lee Ritenour lançou o álbum “6 String Theory”. O álbum contou com participações de guitarristas famosos tais como Steve Lukather, Neal Schon, John Scofield, Slash, Pat Martino, Mike Stern, George Benson e BB King. Este álbum venceu prêmios como o “Guitar álbum of the year” pela revista “Guitar International Magazine”, o “The #1 Best 50 Guitar Albums of 2010” pela revista “UK’s Guitarist Magazine”, o “Album of the Year” da revista “JAZZIZ Magazine Publisher’s”, além do “Top Albums of 2010” do canadense “The Guardian”.

Lee também foi premiado em 2011 pelo “Echo Awards” (Prêmio equivalente ao Grammy na Alemanha) na categoria de “Melhor álbum de instrumentista em conjunto, pelo mesmo álbum.


vale a pena assistir:


segunda-feira, 19 de março de 2012

Série TopGuitar - Albert Lee


Albert William Lee, nasceu no dia 21 de dezembro de 1943 em Leominster, Herefordshire, Inglaterra, como guitarrista ficou conhecido por sua técnica de palhetada e dedilhado híbrido. Lee já trabalhou tanto em estúdio e em turnê com alguns dos mais famosos músicos do mundo de diversos gêneros. Ele ainda mantém uma carreira solo próspera, não só como guitarrista, mas como compositor e diretor musical também.

Albert cresceu em Blackheath, Londres. Seu pai era um músico, Albert estudou piano, aos sete anos de idade já dominava o instrumento. Durante este tempo, ele se tornou um fã de Buddy Holly e Jerry Lee Lewis. Ele pegou a guitarra em 1958, quando seus pais compraram-lhe um modelo Höfner President de segunda mão, e aos 16 anos de idade Albert deixou a escola para se dedicar à guitarra em tempo integral.

Lee tocou com uma variedade de bandas a partir de 1959, a maioria delas de R&B, música country e rock and roll. Além de Buddy Holly, suas primeiras influências incluem Cliff Gallup, Grady Martin, The Everly Brothers, Scotty Moore, James Burton e Jerry Reed. Sua primeira experiencia de sucesso como guitarrista foi com Chris Farlowe e Os Thunderbirds. Mas o própiro Lee dizia que ele realmente queria tocar música country. Em 1968 ele deixou o grupo. Durante o período em que tocou com  Heads, Hands and Feet, Lee tornou-se um "guitar hero", tocando sua Fender Telecaster com muita técnica e habilidade. Em 1971, Albert Lee atuou com John Lord (Deep Purple), em uma gravação ao vivo da Lord’s Gemini Suite.

Lee partiu para Los Angeles, Califórnia em 1974 e juntou-se The Crickets através de seu amigo baixista Rick Grech (Blind Faith). A banda gravou três álbuns. Em 1976, Lee foi convidado a participar da Hot Emmylou Harris Band, substituindo um de seus heróis, James Burton, que estava retornando para tocar com Elvis Presley. A partir de 1978, Lee trabalhou por cinco anos com Eric Clapton, tocando e cantando para uma gravação de concerto ao vivo no Budokan no Japão. Lee foi o responsável pelo show de reunião dos Everly Brothers de 1983 atuando ainda como diretor musical. Ele tocou regularmente com os Everlys por mais de vinte anos.


Lee recebeu muitos prêmios por seus trabalhos, entre ele foi vencedor por cinco vezes consecutivas do "Best Country Guitarist" pela revista Guitar Player. Lee é conhecido no meio musical por sua técnica, agilidade e virtuosismo e ainda por ser um guitarrista muito melódico, tocando passagens mais lentas seu som lembra as guitarras pedal steel com as suas guitarras Music Man e Telecaster equipadas com B-Benders.

Albert Lee também é conhecido com “O guitarrista dos guitarristas”, pois sempre há guitarristas em suas apresentações. Inclusive gigantes como Eric Clapton e Emmylou Harris, classificam-no como um dos maiores guitarristas do mundo.
 
Em 2002 Lee recebeu o prêmio Grammy de melhor performance Country Instrumental em “Foggy Mountain Breakdown”, do álbum Earl Scruggs & Friends.

Albert Lee continua a trabalhar no estúdio e em turnês com Bill Wyman’s Rhythm Kings. Ele vive em Malibu, Califórnia.


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quarta-feira, 14 de março de 2012

Série TopGuitar - Mike Stern


Mike Stern nasceu no dia 10 de janeiro de 1953 em Boston, mas cresceu na capital Washington antes de voltar a Boston para estudar na Berklee School of Music. Stern tinha somente 22 anos quando se uniu ao Blood, Sweat & Tears, com quem tocou três anos antes de entrar na banda de jazz fusion de Billy Cobham.

Mas a grande mudança na sua vida ocorreu quando em 1981 foi recrutado como guitarrista por Miles Davis em seu retorno, após uma ausência de cinco anos. Stern tocou e gravou com Davis até 1983, quando excursionou com Jaco Pastorious, mas voltou a se reunir com Davis em 1985, ano que estreou como líder, no álbum "Neesh" que teve uma boa recepção pela crítica. 

Depois de deixar a banda de Miles Davis ele participou dos projetos de David Sanborn e Steps Ahead enquanto gravava seu segundo álbum "Upside Downside", que foi seu primeiro projeto para a divisão de jazz da Atlantic Records. Stern continuou gravando para a Atlantic durante os anos seguintes enquanto participava de vários outros projetos, como o de Michael Brecker e dos Brecker Brothers.

Sua primeira nomeação ao Grammy foi em 1994 com o álbum "Is What It Is"; dois anos depois recebeu a segunda nomeação com "Between the Lines". Stern recebeu a terceira nomeação ao Grammy em 2001 com "Voices", primeiro álbum de Stern utilizando vocais e também marcou o fim da sua associação com a Atlantic. Atualmente Stern está ligado ao selo ESC e lançou seu primeiro trabalho, "These Times" em 2004. 


Nesse álbum, esse mestre do jazz fusion se associa a velhos amigos, o baixista Richard Bona e o baterista Vinnie Colaiuta e como novidade traz o saxofonista Kenny Garrett para produzirem um grande som, nessa que é sua primeira realização desde que deixou a Atlantic Records.

Através dos anos o guitarrista desenvolveu um estilo que passeia pela fina linha de fronteira entre o jazz e o jazz/rock fusion, sempre tocando sua surrada Fender Telecaster devidamente ‘envenenada’. Essa guitarra se transformou numa espécie de marca registrada, principalmente pelos timbres únicos, em se tratando de uma Telecaster, tanto que a Yamaha resolveu lançar uma série de guitarras baseada nesse instrumento, com assinatura do próprio Stern, e que ele inclusive vem utilizando ultimamente, além da ‘velha companheira de guerra’. 


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segunda-feira, 12 de março de 2012

Série TopGuitar - Roy Buchanan


Nasceu em 23 de setembro de 1939 na cidade de Ozark, Alabama. Seu pai era um pastor evangélico e foi por conta disso que ele teve contato com os ricos elementos da música negra. O gospel ressoava nos tímpanos do pequeno Leroy, que quando tinha cerca de cinco anos e brincava com seu violão de aço. Para ele, ter começado a ouvir música dentro do ambiente religioso foi marcante no que diz respeito ao desenvolver de sua personalidade musical. É possível comparar sua maneira de tocar como a de um pastor pregar. O som começa baixo e calmo e conforme o tempo passa o volume aumenta, a velocidade cresce e quem está ouvindo entra em clímax.
Aos nove, quando ganhou de seus pais uma Rickenbacker vermelha, começou a ter aulas com a Sra. Clara Louese. Aos doze anos ele já era o prodígio instrumentista de uma banda chamada The Waw Keen Valley Boys, na época em que ainda morava em San Joaquin Valley, na Califórnia. As coisas começaram a mudar quando Buchanan foi para a cidade grande. Aos 16 anos se mudava para Los Angeles, e lá formaria uma banda com o futuro baterista do Jefferson Airplane - Spencer Dryden, chamada Heartbeats. Mas as coisas não foram muito longe com sua nova banda. Durante uma turnê ao sul da Califórnia, eles foram abandonados pelo seu empresário e sem recursos para poder seguir em frente, encerraram a turnê. Sem problemas.
A estrada é a melhor companheira de um guitarrista de blues. Então, Buchanan decidiu que não era o momento de voltar para LA e rumou para Tulsa. Foi a melhor coisa que poderia ter feito. Em Tulsa, Buchanan conseguiu um emprego como guitarrista da Oklahoma Bandstand. Havia um show marcado com o “tornado humano” Dale Hawkins – que na época estourava com sua composição “Susie Q”. Hawkins sempre foi reconhecido por escolher muito bem seus músicos, especialmente os guitarristas. Já tinha tocado com Scotty Moore, Sonny Jones, Carl Adams entre outros. Não era difícil perceber que o jovem Buchanan estava no lugar certo fazendo o que tinha talento para fazer. Depois desse show é que começou a carreira de rock and roll de Buchanan, pois agora – em uma época em que Elvis estourava as gargantas das menininhas e James Dean estava vivo – ele tocava com um músico do mainstream. Dale Hawkins contratara o garoto.
Após acompanhá-lo por um certo tempo na estrada, chegava a hora de ir para o estúdio. E foi via Chess Records que eles gravaram um compacto – naquela época era muito comum músicos gravarem discos com apenas duas músicas, uma de cada lado. Eles lançaram uma versão de “My Babe” de Willie Dixon. Passaram os próximos dois anos em turnê pelos Estados Unidos. Esse tempo foi uma grande escola para Buchanan, que não só se tornava um músico de rock, mas aprendeu a beber e usar drogas.
Em Outubro de 1960 em Washington, após um show, uma jovem sorridente e com olhar de admiração disse a Buchanan que adorava o jeito que ele tocava sua Telecaster. Um ano depois ele se casaria com essa garota chamada Judy Owens. Nessa época, ele já começava a despontar como o branco que melhor tocava blues nos EUA. E isso arrancou elogios de gente carrancuda e importantíssima na história da música, como Seymour Duncan ou Les Paul que tinha um discurso interessante sobre Roy: “Eu nunca havia ouvido algo como o que Buchanan fazia na época e isso despertou muito interesse em mim. Por exemplo, ele não tocava um arpejo do jeito que você aprende com o seu professor. Ele tinha sua própria maneira de fazer as coisas, tudo sempre de um jeito diferente. Não importava se palhetava ou se tocava com os dedos, ele era com certeza um guitarrista incomum”.
Apesar de ser conhecido dentro do meio musical, ele nunca havia assinado um hit que fosse para as paradas de sucesso. E foi por volta de 1962, quando o baterista Bobby Gregg gravou e autocreditou-se pela música “The Jam”, que Buchanan tomava o primeiro soco na cara da indústria cultural, pois a música tinha riffs compostos por ele em vários trechos e ela foi para o topo das paradas de R&B.
Enquanto Roy ficava louco com o uso de pílulas e barbitúricos, digerindo sua primeira frustação, nascia seu primeiro filho. Como conseqüência desse acontecimento ele se mudou para Mt. Rainier, Maryland e foi morar com sua sogra. Pelos próximos anos ele passaria seu tempo tocando com bandas locais, nos arredores de Washington uma vez que muitos músicos americanos estavam sendo menosprezados por conta da invasão britânica. The Who, Cream, Beatles eram preferência. E novamente Roy encarava outro momento de frustração, quando viu um pedal de wah wah, em 1968 num show de Hendrix no hotel Hilton de Washington que era capaz de produzir um som já patenteado pelo músico, mas ao simples alcance de uma pisada e com melhoras técnicas referentes à potencia. O wah wah Buchaniano era feito pela manipulação do knob de tonalidade de sua Telecaster, desde o começo da década de 50. 
E nesta época obscura Buchanan já tinha seis filhos e trabalhava de dia como barbeiro para poder contribuir com o orçamento de casa. Um dia um cliente entrou na barbearia empunhando uma Fender Telecaster 53´ amarela. Buchanan sentiu que aquela guitarra lhe pertencia. Interrompeu o seu trabalho e foi perguntar para o cliente onde ele havia conseguido a guitarra e se por acaso ele aceitaria trocá-la, prometendo assim, conseguir a guitarra mais bela que já tinha visto para trocar pela Tele amarela – que seria batizada de ‘Nancy’ seu futuro xodó. Conseguiu com um amigo uma Telecaster roxa e trocou de instrumento. Por esse período – em Julho de 69 - o guitarrista Brian Jones dos Rolling Stones havia morrido e eles procuravam por um substituto. Roy foi convidado e recusou o convite, alegando que não gostaria de entrar em turnê com uma banda que possuía uma ‘imagem’ diferente da que ele passava. Contudo, passado algum tempo da recusa ele alegou à imprensa que aprender o repertório dos Stones seria muito difícil.
Em 1970 o canal de televisão de Washington WNET, produziu um documentário sobre o ‘Melhor Guitarrista Desconhecido do Mundo’. Produzido por John Adams, seu conteúdo estava recheado de depoimentos sinceros de Buchanan, carregados com o seu ranço pela indústria de música. “Eu provavelmente nunca me tornei famoso porque eu não me importo se sou ou não famoso. A única coisa que sempre quis foi aprender a tocar guitarra de maneira autodidata. Você é que determina suas metas para o sucesso. E quando as alcança não significa necessariamente que você será uma grande estrela e encherá os bolsos de dinheiro. Você sentirá no seu coração se é bem sucedido ou não”. Nesses tempos ele costumava tocar de costas para o público, com medo que alguém fosse roubar seu estilo de tocar guitarra.
Apesar de tocar com várias bandas, Buchanan tinha sua banda fixa chamada The Snakestretchers. E alegando esse motivo recusou mais um ótimo convite, feito desta vez por Eric Clapton, para integrar o Derek And The Dominoes. E em 1972 ele lança "Buck & The Snake Stretchers". Com a boa repercussão e aparições na televisão e no Washington Post, ele conseguiu um contrato para três discos com a Polydor. Lançava então, em julho de 72, seu primeiro disco solo que tinha apenas o seu nome na capa, sem qualquer título. Três meses depois já tinha gravado todo o material para o segundo disco. Parecia que Buchanan já estava cansado de tocar em pequenos bares, e finalmente, o caminho da fama parecia estar sendo trilhado.
 Seu segundo trabalho foi lançado no começo de 1973, com o título nada original de "Second Album". Se o título não tem personalidade o mesmo não podemos dizer sobre as músicas que são conduzidas pelo timbre agudo e rasgante de Buchanan. Nesse disco o ‘pinch harmonic’ (técnica onde o guitarrista toca na corda com a palheta e abafa com o polegar simultaneamente, provocando um som muito agudo) presenteia nossos ouvidos e ao longo das músicas podemos perceber como sua técnica pessoal está presente, especialmente nos solos.
Seu terceiro disco de 1973 intitulado “That´s what I´m Here For”, obteve baixas vendagens e críticas negativas. Mas isso não impediu que o guitarrista fizesse uma turnê mesmo com as poucas expectativas dos executivos da Polydor. Impressionante é a arrogância de Buchanan, pois durante a gravação desse disco ele jogou em um triturador de lixo mais uma boa oportunidade para sua carreira. No mesmo estúdio onde foram realizadas as gravações de seu terceiro álbum, Jonh Lennon estava fazendo a mixagem de seu disco “Mind Games” e se ofereceu para fazer algum tipo de participação especial, caso o músico desejasse, pois Lennon admirava o estilo marcante de Buchanan. Infelizmente, Roy dispensou o mitológico ex-beatle.Nos anos seguintes ainda pela Polydor ele lançou um disco ao vivo chamado "Live Stock". Era o último disco por essa gravadora.
O lendário Ahmet Ertegun, já queria que Buchanan integrasse o cast da Atlantic desde quando vira o guitarrista tocar no Carnegie Hall em 1972, e recebendo um adiantamento financeiro foi para o estúdio gravar a “Street Called Straight” – algo como “Uma rua chamada correta” – em alusão a sua tentativa de manter-se sóbrio e longe de drogas.
O primeiro disco via Atlantic, "Loading Zone", de 77, foi produzido pelo baixista de fusion Stanley Clarke e nele está a clássica "Green Onions" com um dueto com o Booker T. & the MG´s. A faixa não foi gravada como soa. Stanley acelerou as partes de Buchanan sem avisá-lo, para dar nova textura à faixa e isso alimentou atritos entre os dois. Nesse ano ele também lançou um disco ao vivo, gravado no Japão.
As coisas não começaram muito bem em 1978. O próximo disco, “You´re Not Alone” não foi feito com empolgação. Buchanan quase sempre chegava atrasado e sem nada ou com idéias muito básicas para suas músicas. No final tudo acabou ficando jogado no colo de Stanley Clarke, que trabalhava mais nas faixas do que o próprio Buchanan. Como resultado, ele saiu da gravadora.
Passou os próximos dois anos sem lançar nenhum disco, fazendo pequenas turnês como sideman e tocando em bares. Em uma tentativa de se libertar de qualquer tipo de problema, seja com produtores ou com a própria gravadora – que costuma cobrá-lo por não ser um músico que esvaziava as prateleiras, em 1980 ele resolveu autoproduzir-se no disco “My Babe”, com o intuito de proteger-se de qualquer problema que pudesse surgir. O disco foi distribuído pela independente Waterhouse Records.
Curioso é Buchanan decidir em 1981 que não gravaria mais nenhum disco, pois sentía-se pressionado por grandes gravadoras que sempre tentaram alisar sua música para torná-la mais abrangente ao público geral. Mesmo depois de ser seu próprio produtor, parecia sentir uma pressão interna. Seja por ser um músico muito mais famoso entre os músicos, ou por não conseguir se livrar das drogas.
Entretanto surgiu uma saída para Buchanan. A gravadora de blues Alligator parecia ser uma casa perfeita, pois não era nem muito grande – assim como Roy – mas estava longe de ser insignificante. O resultado de um bluesman em uma gravadora segmentada foi o “When a Guitar Plays the Blues” de 1985. A liberdade fez com que Roy voasse e o disco passou cerca de 13 semanas na Billboard. Como resultado excursionou pela Austrália, Estados Unidos e Europa.
Nos anos que seguiram lançou mais dois discos pela Alligator. “Dancing on the Edge”(86) e “Hot Wires” (87). Tudo parecia começar a dar certo, pois Roy trabalhava com liberdade, fazia turnês e sua popularidade crescia. Ele pensava na época em fazer um disco todo instrumental. Mas no dia 14 de Agosto de 1988 as coisas mudariam novamente...
Buchanan saiu para comprar cigarros e parou em um bar local para beber. Voltou para casa absolutamente embriagado e agressivo. Judy sua mulher, assustada com o estado do marido chamou a polícia. Buchanan pegou o telefone, arremessou-o no parede e saiu para a rua. Após uma busca no bairro os policiais o encontraram vagando e o prenderam, alegando intoxicação por drogas. O Cherife Carl Peed o acomodou na cela R-45 e deu continuidade ao seu trabalho. A história diz que um dos guardas que estava de plantão encontrou o músico pendurado pelo pescoço por sua camiseta. Até hoje não se sabe se ele foi violentado ou se realmente se matou. O mistério sobre sua morte permanece, pois apesar das dificuldades que enfrentou, ele não tinha motivos suficientes para se matar.
No final das contas, o guitarrista que preferia alcançar as notas desejadas com bends, que soava pegando fogo com seus harmônicos e que influenciou Jeff Beck, John Lennon e Eric Clapton teve uma carreira que nunca – injustamente – ressoou aos ouvidos de todos.



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