Nasceu em 23 de setembro de 1939 na cidade de
Ozark, Alabama. Seu pai era um pastor evangélico e foi por conta disso que ele
teve contato com os ricos elementos da música negra. O gospel ressoava nos
tímpanos do pequeno Leroy, que quando tinha cerca de cinco anos e brincava com
seu violão de aço. Para ele, ter começado a ouvir música dentro do ambiente
religioso foi marcante no que diz respeito ao desenvolver de sua personalidade
musical. É possível comparar sua maneira de tocar como a de um pastor pregar. O
som começa baixo e calmo e conforme o tempo passa o volume aumenta, a
velocidade cresce e quem está ouvindo entra em clímax.
Aos nove, quando ganhou de seus pais
uma Rickenbacker vermelha, começou a ter aulas com a Sra. Clara Louese. Aos
doze anos ele já era o prodígio instrumentista de uma banda chamada The Waw
Keen Valley Boys, na época em que ainda morava em San Joaquin Valley, na
Califórnia. As coisas começaram a mudar quando Buchanan foi para a cidade
grande. Aos 16 anos se mudava para Los Angeles, e lá formaria uma banda com o
futuro baterista do Jefferson Airplane - Spencer Dryden, chamada Heartbeats.
Mas as coisas não foram muito longe com sua nova banda. Durante uma turnê ao
sul da Califórnia, eles foram abandonados pelo seu empresário e sem recursos
para poder seguir em frente, encerraram a turnê. Sem problemas.
A estrada é a melhor companheira de um
guitarrista de blues. Então, Buchanan decidiu que não era o momento de voltar
para LA e rumou para Tulsa. Foi a melhor coisa que poderia ter feito. Em Tulsa,
Buchanan conseguiu um emprego como guitarrista da Oklahoma Bandstand. Havia um
show marcado com o “tornado humano” Dale Hawkins – que na época estourava com
sua composição “Susie Q”. Hawkins sempre foi reconhecido por escolher muito bem
seus músicos, especialmente os guitarristas. Já tinha tocado com Scotty Moore,
Sonny Jones, Carl Adams entre outros. Não era difícil perceber que o jovem
Buchanan estava no lugar certo fazendo o que tinha talento para fazer. Depois
desse show é que começou a carreira de rock and roll de Buchanan, pois agora –
em uma época em que Elvis estourava as gargantas das menininhas e James Dean
estava vivo – ele tocava com um músico do mainstream. Dale Hawkins contratara o
garoto.
Após acompanhá-lo por um certo tempo na
estrada, chegava a hora de ir para o estúdio. E foi via Chess Records que eles
gravaram um compacto – naquela época era muito comum músicos gravarem discos
com apenas duas músicas, uma de cada lado. Eles lançaram uma versão de “My
Babe” de Willie Dixon. Passaram os próximos dois anos em turnê pelos Estados
Unidos. Esse tempo foi uma grande escola para Buchanan, que não só se tornava
um músico de rock, mas aprendeu a beber e usar drogas.
Em Outubro de 1960 em Washington, após
um show, uma jovem sorridente e com olhar de admiração disse a Buchanan que
adorava o jeito que ele tocava sua Telecaster. Um ano depois ele se casaria com
essa garota chamada Judy Owens. Nessa época, ele já começava a despontar como o
branco que melhor tocava blues nos EUA. E isso arrancou elogios de gente
carrancuda e importantíssima na história da música, como Seymour Duncan ou Les
Paul que tinha um discurso interessante sobre Roy: “Eu nunca havia ouvido algo
como o que Buchanan fazia na época e isso despertou muito interesse em mim. Por
exemplo, ele não tocava um arpejo do jeito que você aprende com o seu
professor. Ele tinha sua própria maneira de fazer as coisas, tudo sempre de um
jeito diferente. Não importava se palhetava ou se tocava com os dedos, ele era
com certeza um guitarrista incomum”.
Apesar de ser conhecido dentro do meio
musical, ele nunca havia assinado um hit que fosse para as paradas de sucesso.
E foi por volta de 1962, quando o baterista Bobby Gregg gravou e
autocreditou-se pela música “The Jam”, que Buchanan tomava o primeiro soco na
cara da indústria cultural, pois a música tinha riffs compostos por ele em
vários trechos e ela foi para o topo das paradas de R&B.
Enquanto Roy ficava louco com o uso de
pílulas e barbitúricos, digerindo sua primeira frustação, nascia seu primeiro
filho. Como conseqüência desse acontecimento ele se mudou para Mt. Rainier,
Maryland e foi morar com sua sogra. Pelos próximos anos ele passaria seu tempo
tocando com bandas locais, nos arredores de Washington uma vez que muitos
músicos americanos estavam sendo menosprezados por conta da invasão britânica.
The Who, Cream, Beatles eram preferência. E
novamente Roy encarava outro momento de frustração, quando viu um pedal de wah
wah, em 1968 num show de Hendrix no hotel Hilton de Washington que era capaz de
produzir um som já patenteado pelo músico, mas ao simples alcance de uma pisada
e com melhoras técnicas referentes à potencia. O wah wah Buchaniano era feito
pela manipulação do knob de tonalidade de sua Telecaster, desde o começo da
década de 50.
E nesta época obscura Buchanan já tinha
seis filhos e trabalhava de dia como barbeiro para poder contribuir com o
orçamento de casa. Um dia um cliente entrou na barbearia empunhando uma Fender
Telecaster 53´ amarela. Buchanan sentiu que aquela guitarra lhe pertencia.
Interrompeu o seu trabalho e foi perguntar para o cliente onde ele havia
conseguido a guitarra e se por acaso ele aceitaria trocá-la, prometendo assim,
conseguir a guitarra mais bela que já tinha visto para trocar pela Tele amarela
– que seria batizada de ‘Nancy’ seu futuro xodó. Conseguiu com um amigo uma
Telecaster roxa e trocou de instrumento. Por esse período – em Julho de 69 - o
guitarrista Brian Jones dos Rolling
Stones havia morrido e eles procuravam por um substituto. Roy foi convidado e
recusou o convite, alegando que não gostaria de entrar em turnê com uma banda
que possuía uma ‘imagem’ diferente da que ele passava. Contudo, passado algum tempo
da recusa ele alegou à imprensa que aprender o repertório dos Stones seria
muito difícil.
Em 1970 o canal de televisão de
Washington WNET, produziu um documentário sobre o ‘Melhor Guitarrista
Desconhecido do Mundo’. Produzido por John Adams, seu conteúdo estava recheado
de depoimentos sinceros de Buchanan, carregados com o seu ranço pela indústria
de música. “Eu provavelmente nunca me tornei famoso porque eu não me importo se
sou ou não famoso. A única coisa que sempre quis foi aprender a tocar guitarra
de maneira autodidata. Você é que determina suas metas para o sucesso. E quando
as alcança não significa necessariamente que você será uma grande estrela e
encherá os bolsos de dinheiro. Você sentirá no seu coração se é bem sucedido ou
não”. Nesses tempos ele costumava tocar de costas para o público, com medo que
alguém fosse roubar seu estilo de tocar guitarra.
Apesar de tocar com várias bandas,
Buchanan tinha sua banda fixa chamada The Snakestretchers. E alegando esse
motivo recusou mais um ótimo convite, feito desta vez por Eric Clapton, para integrar o
Derek And The Dominoes. E em 1972 ele lança "Buck & The Snake
Stretchers". Com a boa repercussão e aparições na televisão e no
Washington Post, ele conseguiu um contrato para três discos com a Polydor.
Lançava então, em julho de 72, seu primeiro disco solo que tinha apenas o seu
nome na capa, sem qualquer título. Três meses depois já tinha gravado todo o
material para o segundo disco. Parecia que Buchanan já estava cansado de tocar
em pequenos bares, e finalmente, o caminho da fama parecia estar sendo
trilhado.
Seu terceiro disco de 1973 intitulado
“That´s what I´m Here For”, obteve baixas vendagens e críticas negativas. Mas
isso não impediu que o guitarrista fizesse uma turnê mesmo com as poucas expectativas
dos executivos da Polydor. Impressionante é a arrogância de Buchanan, pois
durante a gravação desse disco ele jogou em um triturador de lixo mais uma boa
oportunidade para sua carreira. No mesmo estúdio onde foram realizadas as
gravações de seu terceiro álbum, Jonh Lennon estava fazendo a mixagem de seu
disco “Mind Games” e se ofereceu para fazer algum tipo de participação
especial, caso o músico desejasse, pois Lennon admirava o estilo marcante de
Buchanan. Infelizmente, Roy dispensou o mitológico ex-beatle.Nos anos seguintes
ainda pela Polydor ele lançou um disco ao vivo chamado "Live Stock".
Era o último disco por essa gravadora.
O lendário Ahmet Ertegun, já queria que
Buchanan integrasse o cast da Atlantic desde quando vira o guitarrista tocar no
Carnegie Hall em 1972, e recebendo um adiantamento financeiro foi para o
estúdio gravar a “Street Called Straight” – algo como “Uma rua chamada correta”
– em alusão a sua tentativa de manter-se sóbrio e longe de drogas.
O primeiro disco via Atlantic,
"Loading Zone", de 77, foi produzido pelo baixista de fusion Stanley
Clarke e nele está a clássica "Green Onions" com um dueto com o
Booker T. & the MG´s. A faixa não foi gravada como soa. Stanley acelerou as
partes de Buchanan sem avisá-lo, para dar nova textura à faixa e isso alimentou
atritos entre os dois. Nesse ano ele também lançou um disco ao vivo, gravado no
Japão.
As coisas não começaram muito bem em
1978. O próximo disco, “You´re Not Alone” não foi feito com empolgação.
Buchanan quase sempre chegava atrasado e sem nada ou com idéias muito básicas
para suas músicas. No final tudo acabou ficando jogado no colo de Stanley
Clarke, que trabalhava mais nas faixas do que o próprio Buchanan. Como resultado,
ele saiu da gravadora.
Passou os próximos dois anos sem lançar
nenhum disco, fazendo pequenas turnês como sideman e tocando em bares. Em uma
tentativa de se libertar de qualquer tipo de problema, seja com produtores ou
com a própria gravadora – que costuma cobrá-lo por não ser um músico que
esvaziava as prateleiras, em 1980 ele resolveu autoproduzir-se no disco “My
Babe”, com o intuito de proteger-se de qualquer problema que pudesse surgir. O
disco foi distribuído pela independente Waterhouse Records.
Curioso é Buchanan decidir em 1981 que
não gravaria mais nenhum disco, pois sentía-se pressionado por grandes
gravadoras que sempre tentaram alisar sua música para torná-la mais abrangente
ao público geral. Mesmo depois de ser seu próprio produtor, parecia sentir uma
pressão interna. Seja por ser um músico muito mais famoso entre os músicos, ou
por não conseguir se livrar das drogas.
Entretanto surgiu uma saída para
Buchanan. A gravadora de blues Alligator parecia ser uma casa perfeita, pois
não era nem muito grande – assim como Roy – mas estava longe de ser
insignificante. O resultado de um bluesman em uma gravadora segmentada foi o
“When a Guitar Plays the Blues” de 1985. A liberdade fez com que Roy voasse e o
disco passou cerca de 13 semanas na Billboard. Como resultado excursionou pela
Austrália, Estados Unidos e Europa.
Nos anos que seguiram lançou mais dois
discos pela Alligator. “Dancing on the
Edge”(86) e “Hot Wires” (87). Tudo parecia começar a dar certo, pois Roy
trabalhava com liberdade, fazia turnês e sua popularidade crescia. Ele pensava
na época em fazer um disco todo instrumental. Mas no dia 14 de Agosto de 1988
as coisas mudariam novamente...
Buchanan saiu para comprar cigarros e
parou em um bar local para beber. Voltou para casa absolutamente embriagado e
agressivo. Judy sua mulher, assustada com o estado do marido chamou a polícia.
Buchanan pegou o telefone, arremessou-o no parede e saiu para a rua. Após uma
busca no bairro os policiais o encontraram vagando e o prenderam, alegando
intoxicação por drogas. O Cherife Carl Peed
o acomodou na cela R-45 e deu continuidade ao seu trabalho. A história diz que
um dos guardas que estava de plantão encontrou o músico pendurado pelo pescoço
por sua camiseta. Até hoje não se sabe se ele foi violentado ou se realmente se
matou. O mistério sobre sua morte permanece, pois apesar das dificuldades que
enfrentou, ele não tinha motivos suficientes para se matar.
No final das contas, o guitarrista que
preferia alcançar as notas desejadas com bends, que soava pegando fogo com seus
harmônicos e que influenciou Jeff Beck, John Lennon e Eric Clapton teve uma carreira que nunca – injustamente – ressoou aos ouvidos de
todos.
Fonte: Roy Buchanan:
o exemplo obscuro de um amante das seis cordas - Biografias http://whiplash.net/materias/biografias/076554-roybuchanan.html#ixzz1oweTkKT9
Vale a pena assistir:
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