segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

... continuação - A HISTÓRIA DO JAZZ - O Surgimento do fusion e o jazz-rock


A palavra "fusion," vaga em si mesma (fusão de que?), tem sido confundida como se fosse um depósito de estilos, quando na verdade, durante os anos 70 houve um vigoroso movimento de mudanças na música americana. Mas, na realidade, o que é fusion? Inicialmente denominado jazz-rock, o termo fusion foi erroneamente utilizado, durante anos, para abrigar outras formas musicais que eram mais intimamente relacionadas com o pop digestivo ou R&B, (como Kenny G por exemplo). Mesmo o termo jazz-rock foi adaptado para acomodar grupos de pop/rock no final da década de 60, que introduziram metais e palhetas como tempero musical (Blood, Sweat and Tears, Chicago, The Ides of March). Seguindo a versão mais tradicional, fusion foi uma mistura da improvisação jazzística com outros ritmos, timbres e a energia do rock, agora mais direcionado e mais transcendental.
A conclusão a que se chega, após uma análise do jazz-rock em termos musicais, é que as primeiras obras de jazz-rock que possuem validade enquanto jazz são também as últimas, a saber, as gravações de Miles na virada dos anos 60 para os 70. Depois disso, com o advento da fusion, temos uma fase em que se fez música de qualidade mas que foi perdendo a identidade jazzística e, mais tarde, uma fase em que a própria qualidade musical sofreu uma queda pronunciada.
Não se pode negar que existiram inúmeros músicos da mais alta competência técnica na fusion, principalmente nos anos 70 (alguns dos quais ainda bastante ativos), podemos citar como exemplos o guitarrista Pat Metheny, o violinista Jean-Luc Ponty, o baterista Billy Cobhan, o tecladista George Duke, os baixistas Jaco Pastorius e Stanley Clarke, para ficar apenas nos mais conhecidos. Também é justo admitir que certos conjuntos eram verdadeiras máquinas instrumentais, em termos de energia, entrosamento e sofisticação. Porém essa qualidade técnica raramente veio acompanhada de profundidade e coerência propriamente jazzísticas.
Depois, nos anos 80, com a música pop de caráter mais comercial. O som acústico cedeu quase que totalmente o lugar aos instrumentos eletrônicos. Em algum ponto desse percurso, o jazz-rock deixou de ser um terreno de experimentação radical e vital. Existem alguns indicadores estritamente musicais e perfeitamente objetivos dessa perda de identidade jazzística. O swing jazzístico se perdeu, dando lugar a ritmos mais “quadrados” e óbvios. Todas as nuances na exposição de um tema, todos os matizes timbrísticos, todos os desenhos melódicos detalhados, toda a coerência na improvisação - tudo isso desapareceu. Curiosamente foi nos anos 80, período em que muitos já consideravam que o Jazz estava com os dias contados, que surgiu os irmãos Marsalis, Winton e Bradford Marsalis, dois irmãos de formação erudita, nascidos em New Orleans, exatamente onde tudo começou, filhos de um pai músico, que levantaram a bandeira das tradições do Jazz e defendem até hoje o estilo clássico, sem misturas, sem instrumentos eletrônicos e vestindo paletó e gravata, tudo inspirado nas raízes da música.

Texto elaborado por: Renato Maran

Fonte: sites EJAZZ e CLUBE DO JAZZ

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