sábado, 18 de fevereiro de 2012

A HISTÓRIA DO JAZZ - Parte III ( o Cool Jazz e o Modalismo de Miles Davis)


Miles Davis nasceu em 1926, em um berço privilegiado – se comparado à grande maioria dos músicos negros daquela época – morava no lado leste da cidade de St. Louis, Illinois, em uma bela casa em um bairro de brancos com cozinheira e empregada, seu pai era um conhecido dentista e fazendeiro. Desde criança, para poder ser aceito, adotou uma aspereza exacerbada, característica que o acompanhou para o resto de sua vida. Começou a tocar trompete aos 13 anos de idade, a aos 18 já tinha talento suficiente para acompanhar a dupla Parker/Gillespie, quando estiveram em St. Louis. Logo depois foi pra Nova York onde gravou com os reis do BeBop e fez algumas parcerias com músicos talentosos da época, como o pianista Thelonious Monk.


Em 1949,começou a freqüentar o apartamento do influente pianista e arranjador Gil Evans, no Harlem, onde conheceu músicos como os saxofonistas Gerry Mulligan (foto) e Lee Konitz. Miles se uniu a eles pra formar um noneto e começou a ensaiar as peças que fariam parte de seu primeiro disco. A gravadora Capitol Records logo se interessou por estas experiências musicais e contratou o grupo pra entrar no estúdio e gravar “BIRTH OF THE COOL”, e como o próprio nome diz era o surgimento de uma nova vertente da música, o que passou a ser chamado de COOL JAZZ. As inovações deste novo estilo buscavam direções distintas do BeBop, com ritmos contagiantes, porém menos avassaladores, e melodias intensamente envolventes. As notas longas e limpas do trompete de Miles Davis demonstravam claramente suas intenções. Como não possuía técnica suficiente pra tocar como Dizzy Gillespie, resolveu criar o seu próprio som apoiando-se em timbre e melodia, como ele mesmo disse certa vez: “Quero tocar poucas notas, mas as notas certas”. E esta foi apenas a primeira de muitas grandes inovações deste gênio.

Após a morte de Charlie Parker em 1954, o jazz começou a perder espaço. O grande público demonstrava cada vez menos interesse em acompanhar estas evoluções, e os críticos já começavam a acreditar no fim de uma era. Porém, contrariando todas as probabilidades, surgia uma nova geração de músicos ousados que forçavam os limites da música para muito mais além de onde os Bebopers haviam parado, até atingir limites extremos como o abandono total das noções convencionais de ritmo, harmonia e cadências pré-combinadas. Poderíamos citar como exemplos os saxofonistas Sonny Rollins (foto), John Coltrane e Ornette Colleman, além é claro de Miles Davis que já vinha surpreendendo a cada gravação. 
Neste período, a música estava mudando rapidamente, desdobrando-se de maneiras inesperadas, dando origens a facções opostas e intensas discussões sobre a liberdade artística e a verdadeira natureza da criatividade. A definição do que era jazz ou não passou a ser cada vez mais imprecisa.

Miles Davis era um pesquisador sempre ansioso por novas descobertas. Em 1959 assinou com a gravadora “Columbia Records” e lançou “KIND OF BLUE”, que logo tornou-se o disco mais vendido de todos os tempos, na categoria jazz. Neste álbum, Miles introduziu um elemento que mudaria a música para sempre: o MODALISMO. Trata-se da liberdade harmônica, desvencilhando-se das sequências de acordes tonais marcantes no jazz até então. Através da harmonia modal abria-se um universo novo para a criação musical. E Miles Davis mais uma vez traçava o futuro que em breve ele próprio faria questão de reinventar.



Até a próxima edição...

Texto escrito por: Renato Maran
Fonte: Ken Burns

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