Ontem encerramos a série de reportagens "A História do Jazz" e hoje vamos começar uma nova série que eu chamos de série "TopGuitar", onde vamos falar sobre a vida de alguns dos maiores guitarristas que já habitaram este planeta. Vamos começar com um dos pioneiros da guitarra, e é talvez o guitarrista que mais influenciou a guitarra jazz atual, estamos falando de Wes Montgomery, o polegar mais rápido do oeste.
Este texto é de autoria de Jesse Gress, e foi extraído da edição de nº 32, lançada em setembro de 1998 da revista Guitar Player Brasil.
Wes nasceu em Indianápolis, e foi um autodidata. Depois de ter tentado tocar um violão tenor de 4 cordas, partiu para a guitarra quando tinha 19 anos. Em poucos meses já conseguia tocar todos os solos de Charlie Christian do álbum "Solo Flight" de Benny Goodman. Em 1948 teve uma rápida passagem pela Big Band de Lionel Hampton e nos anos seguintes ficou longe dos palcos, apenas apurando o seu estilo.
De 1957 a 59 formou o Mastersounds ao lado de seus irmãos Buddy e Monk. Eles atuavam muito na área de Indianápolis e chegaram até a gravar alguns discos. Mas as coisas só começaram mesmo a acontecer quando Wes foi descoberto pelo produtor Orrin Keepnews, através de uma sugestão do saxofonista Cannonball Adderley. Keepnews trouxe Wes para o selo Riverside, onde ele gravou em 1959 "The Wes Montgomery Trio". Estas gravações foram enormes êxitos artísticos e muito aclamadas pela crítica.
Em 1961, Wes tocou no Monterey Jazz Festival - e em uma série de outras gigs em São Francisco - como membro do grupo do saxofonista John Coltrane. Este grupo reunia alguns gênios do Jazz na época, mas infelizmente não há nenhum registro de gravações desta formação.
Apesar do entusiasmos dos críticos, os discos de Wes não eram muito bons de venda. Quando a Riverside fechou em 1964, ele passou 4 anos produzindo música mais acessível, e lançou uma série de álbum super orquestrados pelas gravadoras Verve e A&M. O sucesso teve seu preço, as versões de Wes sobre temas "pop" como "Tequila", "California Dreaming" e muitos outros, foram bombardeadas pelos críticos. Não eram maus discos, tudo o que Wes produziu tem seu mérito artístico, mas em geral todos concordam que o período mais criativo deste guitarrista foi durante as gravações pela Riverside.
Apesar de ser um músico sem formação teórica, Wes era absolutamente fluente na linguagem jazzistica e conseguiu criar uma música fantástica. Mesmo assim sentia-se um pouco inseguro nos palcos, mas isto jamais foi percebido pelo público, haja visto que era um dos poucos guitarristas que tocava sorrindo. Apesar da ausência de estudo formal, seus caminhos melódicos e harmônicos o colocaram anos luz à frente de seus contemporâneos. Ele passeava por standards, clássicos do Bebop e baladas com muita tranquilidade, mas o blues era a base do seu estilo. Aventurando-se muito além dos 3 acordes tradicionais do blues, compôs inúmeros temas apoiado nesta influência.
Os solos de Wes seguiam muitas vezes uma fórmula com três níveis de pegada: Primeiro alguns choruses com linhas melódicas normais; em seguida, melodias em oitavas, uma de suas marcas; e então o clímax, com um trecho matador com chord melodies, ou melodias feitas com acordes.
Wes morreu em 15 de junho 1968.
Vale a pena assistir.
http://www.youtube.com/watch?v=TRsMzCnQNpo&feature=related
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