sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

...continuação - A HISTÓRIA DO JAZZ - Parte II


Em 1940 o período da grande depressão já havia sido superado e o swing era tocado em toda parte, nas rádios, nos cinemas e nas jukeboxes. Porém, um grupo de jovens músicos desafiadores, ousados e insatisfeitos, agia silenciosamente, se reunindo nas madrugadas de Nova York, para aperfeiçoar um novo modo de tocar, entre eles estavam: o virtuoso trompetista Dizzy Gillespie (foto) e o pianista Thelonious Monk. Suas idéias musicais combinavam muito bem, eles buscavam ritmos frenéticos e harmonias complexas, porém faltava-lhes um item muito importante pra chegar à música que procuravam: a melodia... E é aí que entra em cena o garoto de Kansas City, Charlie Parker, que, com suas melodias irresistíveis, alterou a forma de tocar de toda uma geração de saxofonistas.
                Enquanto a Alemanha de Hittler detonava a sua guerra na Europa, um pequeno clube chamado “Minton’s Play House” situado à rua 118 do Harlem, em Nova York, passou a ser o ponto de encontro dos jazzistas, porque o gerente da casa dava-lhes liberdade total para tocar o que quisessem. Ali eram realizados duelos musicais eletrizantes, longe dos palcos e dos salões de swing, os músicos passavam noites e noites de puro improviso.  Neste momento, os Estados Unidos ainda não estavam em guerra, mas 1 ano depois, em 1941, o país entrou definitivamente em combate, em defesa da liberdade e pelo fim do ódio racial praticado pelos nazistas contra os judeus. Ironicamente, todos os pelotões das forças armadas americanas eram segregados.
                jazz dentro dos territórios ocupados no intuito de neutralizar esta “arma” americana, porém o esforço foi em vão, e alguns temas como “In The Mood” de Glenn Miller tornaram-se verdadeiros hinos de guerra.
O jazz também foi à guerra, tornando-se o “símbolo da liberdade”, aliás, essa música que os alemães detestavam e chamavam de “a arte da raça sub-humana” foi uma importante arma americana, pois muitos músicos e bandleaders foram convocados só para tocar em bases militares espalhadas pelo mundo. Estes espetáculos musicais em plena guerra traziam momentos de tranqüilidade aos soldados em combate, que, ao ouvir às bandas de jazz recordavam-se de suas famílias e suas casas. Os alemães chegaram a proibir o uso da palavra
                
Os anos que se seguiram foram de escassez em todo o país devido ao “esforço de guerra”. A população enfrentou racionamento de energia elétrica, gasolina e borracha, tirando muitas bandas da estrada. As fábricas de jukeboxes, de instrumentos musicais e até as gravadoras foram fechadas temporariamente por serem consideradas desnecessárias naquele momento. Com isso, a nova música que já vinha sendo desenhada pelos jazzistas do bairro do harlem permaneceu desconhecida para o resto do mundo. E somente alguns anos depois, em dezembro 1945, Charlie Parker fez suas primeiras gravações. Estavam com ele: Dizzy Gillespie (tompete/piano), Max Rouch (bateria), Curly Russell (baixo) e um garoto chamado Miles Davis (trompete). Entre as faixas gravadas “Koko” obteve destaque, lançando Parker no mercado do jazz.
               
Nascia o BeBop. Um novo estilo revolucionário que seguia na contra-mão do swing. Charlie Parker (esquerda) e Dizzy Gillespie (direita), que foram as figuras mais importantes desse momento diziam que queriam ter seu trabalho reconhecido como forma de arte, e não como um simples entretenimento.  Essa música era brilhante, porém exigente e complicada, rápida e furiosa, melodias familiares não eram bem vindas, tudo dependia da inspiração, da ousadia, habilidade e da sofisticação musical do solista.
                
O BeBop reinou absoluto durante a segunda metade da década de 40. Todos queriam tocar como Charlie Parker e Dizzy Gillespie, com exceção do imprevisível, incansável e inovador trompetista Miles Davis, que já fazia experiências melódicas em busca da sua própria música. O talento, a longevidade e a coragem de Miles Davis contribuíram muito pra que ele fosse, na opinião de muitos, o líder mais importante de toda a história do jazz, pois, a partir desse momento, ele forçaria incessantemente todas as fronteiras da música até o fim dos seus dias...
Este será o assunto da próxima edição, até lá... 

Texto de autoria de Renato Maran Maran
Fonte: Ken Burns

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