Em 1940 o período da grande depressão já havia sido superado e o swing era tocado em toda parte, nas
rádios, nos cinemas e nas jukeboxes. Porém, um grupo de jovens músicos
desafiadores, ousados e insatisfeitos, agia silenciosamente, se reunindo nas
madrugadas de Nova York, para aperfeiçoar um novo modo de tocar, entre eles
estavam: o virtuoso trompetista Dizzy Gillespie (foto) e o pianista Thelonious Monk.
Suas idéias musicais combinavam muito bem, eles buscavam ritmos frenéticos e harmonias
complexas, porém faltava-lhes um item muito importante pra chegar à música que
procuravam: a melodia... E é aí que entra em cena o garoto de Kansas City,
Charlie Parker, que, com suas melodias irresistíveis, alterou a forma de tocar
de toda uma geração de saxofonistas.
Enquanto a Alemanha de Hittler
detonava a sua guerra na Europa, um pequeno clube chamado “Minton’s Play House”
situado à rua 118 do Harlem, em Nova York, passou a ser o ponto de encontro dos
jazzistas, porque o gerente da casa dava-lhes liberdade total para tocar o que
quisessem. Ali eram realizados duelos musicais eletrizantes, longe dos palcos e
dos salões de swing, os músicos passavam noites e noites de puro
improviso. Neste momento, os Estados
Unidos ainda não estavam em guerra, mas 1 ano depois, em 1941, o país entrou
definitivamente em combate, em defesa da liberdade e pelo fim do ódio racial
praticado pelos nazistas contra os judeus. Ironicamente, todos os pelotões das
forças armadas americanas eram segregados.
jazz
dentro dos territórios ocupados no intuito de neutralizar esta “arma”
americana, porém o esforço foi em vão, e alguns temas como “In The Mood” de
Glenn Miller tornaram-se verdadeiros hinos de guerra.
O jazz também foi à guerra,
tornando-se o “símbolo da liberdade”, aliás, essa música que os alemães
detestavam e chamavam de “a arte da raça sub-humana” foi uma importante arma
americana, pois muitos músicos e bandleaders foram convocados só para tocar em
bases militares espalhadas pelo mundo. Estes espetáculos musicais em plena
guerra traziam momentos de tranqüilidade aos soldados em combate, que, ao ouvir
às bandas de jazz recordavam-se de suas famílias e suas casas. Os alemães
chegaram a proibir o uso da palavra
Os anos que se seguiram foram de
escassez em todo o país devido ao “esforço de guerra”. A população enfrentou
racionamento de energia elétrica, gasolina e borracha, tirando muitas bandas da
estrada. As fábricas de jukeboxes, de instrumentos musicais e até as gravadoras
foram fechadas temporariamente por serem consideradas desnecessárias naquele
momento. Com isso, a nova música que já vinha sendo desenhada pelos jazzistas
do bairro do harlem permaneceu desconhecida para o resto do mundo. E somente
alguns anos depois, em dezembro 1945, Charlie Parker fez suas primeiras
gravações. Estavam com ele: Dizzy Gillespie (tompete/piano), Max Rouch
(bateria), Curly Russell (baixo) e um garoto chamado Miles Davis (trompete).
Entre as faixas gravadas “Koko” obteve destaque, lançando Parker no mercado do
jazz.
Nascia o BeBop. Um novo estilo
revolucionário que seguia na contra-mão do swing. Charlie Parker (esquerda) e Dizzy
Gillespie (direita), que foram as figuras mais importantes desse momento diziam que
queriam ter seu trabalho reconhecido como forma de arte, e não como um simples
entretenimento. Essa música era
brilhante, porém exigente e complicada, rápida e furiosa, melodias familiares
não eram bem vindas, tudo dependia da inspiração, da ousadia, habilidade e da
sofisticação musical do solista.
O BeBop reinou absoluto durante
a segunda metade da década de 40. Todos queriam tocar como Charlie Parker e
Dizzy Gillespie, com exceção do imprevisível, incansável e inovador trompetista
Miles Davis, que já fazia experiências melódicas em busca da sua própria música.
O talento, a longevidade e a coragem de Miles Davis contribuíram muito pra que
ele fosse, na opinião de muitos, o líder mais importante de toda a história do
jazz, pois, a partir desse momento, ele forçaria incessantemente todas as
fronteiras da música até o fim dos seus dias...
Este será o assunto da próxima edição, até
lá...
Texto de autoria de Renato Maran Maran
Fonte: Ken Burns
Nenhum comentário:
Postar um comentário